quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Antologias.

O protesto de um bêbado apaixonado.

Cortar-te-ei em pedaços para guardar-te numa pequena caixinha que chamá-la-ei de coração... Chamar-lhe-ei, então, de amor...
Amar-te-ei sob o pulsar dos meus dias!!!


Caixinha de música.

A cantiga élfica começou quando abrimos a caixinha de música, dois pares de jóias brilharam no fundo aveludado. As bailarinas de porcelana bailavam ao som das compassadas notas, elas rodopiavam e rodopiavam no chão espelhado. O cenário bucólico combinava com o clima agradável da primavera e a utopia de uma amor que chegaria de cavalo branco. Sim, acreditávamos em contos de fadas. Sempre brincávamos de princesas. O complicado era escolher quem seria a princesa e a bruxa, acabamos por alternar os dias. Um dia ela, um dia eu e assim nossas férias iam passando e a musiqueta marcava cada vez mais nas horas dos bailes imaginários e beijos no ar. Hoje acreditamos no amor, mas não em contos de fadas. O conto de fadas acabou quando a bruxa e a princesa resolveram se unir para viver de afeto mútuo.



Amigo imaginário.


Ela estava sentada na cama de olhos fechados pedindo luz e proteção. Ouviu um passo e abriu os olhos:

- Não estou te vendo, mas posso te sentir – Disse escorando-se agora na cabeceira da cama – Contudo é estranho conversar com quem a gente não enxerga...






quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Overdose de realidade.

Admito que estava cansado, olhei as horas no meu relógio de pulso eram 2:30 da madrugada. Coloquei o cigarro pra descansar no cinzeiro, o café a muito já havia esfriado na xícara, repousei meus óculos na mesa, passei as mãos no rosto na esperança do sono ir embora, senti minha barba grande. Dois dias sem dormir direito, muito tempo. Levantei e senti meu sangue circulando melhor. Fui pra cozinha fazer mais café, porém o pó havia acabado. Merda. O jeito era ir a um desses mercados 24 horas. Peguei a chave do carro e bati a porta de casa, em menos de 5 minutos já estava dirigindo pela grande São Paulo.

No trajeto prostitutas acenavam e garotinhos se drogavam na esquina. Um assalto na farmácia da avenida e um assassinado no outro lado da rua. Uma menininha pedindo R$ 5 em troca de uma noite de prazer, uma simples menininha de não mais de 12 anos. Desisti de comprar o pó do café, já estava acordado demais, até alucinações eu tava tendo. Maldita cafeína. Imagina se isso tudo ia acontecer no meu país perfeito. Não mesmo. Fiz a volta e retornei pra casa. Precisava mesmo era dormir para essas alucinações pararem de acontecer.

Embora tenha dormido admiravelmente as alucinações não pararam. Elas voltaram no dia seguinte e no outro, no outro e no outro... Convenci-me de que todos os dias eu tinha uma overdose sem ao menos estar drogado. Por medo das alucinações não saia mais de casa, não trabalhava, não estudava, fiquei impotente até o dia em que morri, até o dia em que tirei minha própria vida por medo das tais alucinações.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Inutilidade íntima de palavras ao vento.

Abandonei a terceira pessoa, hoje sou eu mesmo falando aqui, embora não saiba direito sobre o quê eu esteja escrevendo ou algo do tipo. É mais uma coisa sem explicação que espero que fique com o ar de ‘estranha beleza’ ou simplesmente não fique. Não sei dizer. Acho que afoguei meu eu - lírico em uma banheira. Ok, teria afogado se tivesse uma banheira, então acho que ele simplesmente me abandonou quando virei uma esquina qualquer, porque seria extraordinariamente idiota e sem classe afogá-lo na pia da cozinha.

Escreveria algo doce, mas ultimamente ando muito objetiva, indo direto ao ponto sem rodeios e charminhos, resumindo: curta e grossa, sem deixar espaço para a ‘docidão’ se manifestar. Ando sem paciência também para algumas coisas que não sei definir. Mentira, sei definir sim, é mais como sem pachorra pra fazer social a pessoas normais demais com seus probleminhas normais demais e reclamando de sua vidinha normal demais (bléééh), e aqueles meninos que cismam em marcar presença em cima com sua falta de criatividade e sua repugnância em serem efusivos – Alô baby, eu não sou uma boneca Barbie em disposição no armário da loja, além do que, estou longe de ser a Barbie. Sejam, no mínimo, um pouco menos clichê (argh!).

Não, não estou na TPM e menos ainda naqueles dias em que eu quero que todo mundo quebre o pescoço pulando do meio fio ou se jogue naquele rio, inescrupulosamente poluído, e saia cuspindo merda. Só acordei meio totalitária. Meio totalitária para dar valor a coisas boçais com o real desvalor da insignificância. Na verdade, eu estou áspera. Se você for falar coisas fúteis ou contar aquela piada sem graça, espere por uma resposta grossa, sarcástica e amplamente irônica, cheia de cinismo da minha boca, já que, eu não vou ao menos fingir um diálogo com você.

E sem saber o que escrever, saiu algo meio ‘como estou me sentindo um pouco Hittler’ (nada contra Judeus e qualquer preconceito, só quis dar ênfase ao meu lado totalitário), também não é um desabafo do estilo ‘meu querido diário’, é apenas uma ruma de palavras. Encerro-me aqui... com a monguice de não escrever nada útil.

Então, é isso aí, fiquem bonitos.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Novela mexicana... Filme romântico...

Espera, esperança, amor, amizade, expectativa, lembrança, sintonia, abraço, beijo, confusão. Dois corações e o mesmo amor. Dois corações e a mesma esperança. Dois corações e a mesma amizade. Dois corações e o mesmo medo. Dois corações e a mesma reciprocidade.

A conversa iniciada simples, calma e clara teve um resultado suntuosamente admirável. Esconderam o amor que sentiam um do outro por medo de perder o que tinham conquistado. Ambos, no seu íntimo, achavam impossível realizar o que sentiam e resolveram ocultar o sentimento nobre. De repente, tudo se explodiu na cara dos amantes e o coração se explodiu ainda mais em felicidade harmoniosa.

Os amantes dançavam em alma com a música rítmica que o coração tocava e seus lábios cantavam em revelações mútuas, finalmente era confessado o que por tanto tempo fora guardado.

O amor estava à flor da pele, sorriam abobados, contemplavam o nada, encontravam-se perdidos numa viagem imaginária, os olhos ofuscavam como infinitas pedrinhas de rubi ao sol. Eram amados. Amavam. Isso bastava, não importava a distância.

- Vontade de te abraçar – disse sem medo.

- Vontade do seu abraço – respondeu – Vontade de te fazer carinho. Vontade de você.

- É recíproco – rebateu quase instantaneamente – sempre foi!

- É... Sempre foi... – respondeu com um sorriso de que só quem ama sabe.

domingo, 22 de julho de 2007

Insurreição Madorna...

Amanheceu. O despertador tocou. Ela se virou e desligou. De repente, uma vontade imensa de chorar invadiu-a. Não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém, estava se sentindo cansada, impotente, fraca e frágil. Decidiu-se por não levantar e dormir, descansar para recuperar as energias, amanhã estaria melhor. Sim, amanhã seria um novo dia, tudo que ela precisava era de um momento consigo mesma. Deitou de barriga pra cima, colocou o travesseiro no rosto e quando já estava quase sonhando -imersa no prazer de estar descansando- o maldito despertador tocou de novo. Acordou seguido de um sobre-salto assustado, pegou o pequeno aparelho e o atirou na parede reduzindo-o a pequenos cacos. Deitou novamente, fechou os olhos, colocou o travesseiro no rosto para impedir a claridade e suspirou suavemente. Agora podia dormir aliviada, nada mais iria incomodá-la, dormiria, sonharia e acordaria mais disposta, mas o telefone tocou...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Menina...

A menina estava a ir ao armazém a pedido da mãe...

Na hora que ela estava no balcão passando as compras, o moço do armazém, reparando seus enormes olhos verde alga, perguntou porque olhos de menina dela escondiam tanta coisa sobre seu ser.

Ela respondeu que seus olhos de menina não escondiam nada... eles só eram as janelas pra sua alma!

O moço do armazém, não satisfeito com a resposta da menina, falou que os seus olhos eram sim a janela da alma, mas que elas não estavam totalmente abertas, já que, ele não conseguia ver através dos olhos dela.

Ela respondeu, com toda sua simplicidade infantil, que o seu ser era complexo demais para ser visto a olho nu e simples demais para que alguém desse importância, porque quase ninguém dá importância as coisas simples atualmente!


Aí o moço do armazém ficou quieto...