terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Inquietações viventes. Morfina do prazer.

Eu tinha acabado de chegar da rua. Ainda estava atordoado com aquelas palavras, elas estavam zunindo na minha cabeça. Joguei as chaves na mesinha do centro e me atirei no sofá. Passei a mão pelos cabelos e pela minha barba.

Havia tempo que eu não a via. Finalmente ela me atendeu numa das minhas milhares de ligações e marcamos um encontro. Aquele barzinho com música ao vivo era bem agradável. Quando cheguei, ela já estava lá sentada com um copo nas mãos e olhando para o nada. Sentei-me a sua frente e ela voltou à realidade.

- Ei John.

- Oi Sofia! Errr... Como você está?

- Você não me chamou aqui para isso, John. Por que não vai direto ao assunto?

Eu olhei seu rosto e me fixei nos seus olhos – Você simplesmente sumiu. O quê aconteceu?

Ela me olhou com seus olhos brilhantes, deu um sorriso, virou o rosto e deu um gole na sua bebida. Depois seus olhos voltaram aos meus.

- Sabe como é né, John. O tédio conseguiu vencer a relação. Nós caímos na monotonia e eu quis me livrar disso.

- Ah! Entendi, Sofia, você se enjoou e resolveu me mandar, vamos dizer, passear e...

Ela me interrompeu:

- Não quis causar constrangimentos e nem quero brigar, John. Você cometeu seus erros e eu te perdoei por isso. Agora é sua vez de esquecer essa minha falha de não ter te dado respostas.

- Será que você pode me dar respostas agora, Sofia?

- Pra quê você as quer, John? É melhor continuarmos com nossas vidas.

- Exatamente, Sofia. Eu quero continuar com minha vida, mas preciso preencher a lacuna que você deixou nela.

- Sabe John, nós...

Foi minha vez de interromper:

- Sofia, eu não esqueci o quê você já me fez sentir e eu quero ter isso de novo. Quer saber, eu nem ligo se você sumiu, eu só quero saber se ainda tenho chances de voltar a fazer parte de você.

Ela ficou séria, olhou-me demoradamente, depois disse:

- Eu quero intensidade. A intensidade que me faça conhecer sentimentos que eu jamais ousaria dizer que existem. Eu quero me sentir viva no mais alto grau que isso signifique. Você pode me dar isso, John? Você pode?

Depois disso ela pegou a bolsa e saiu. Eu fiquei lá parado sem ação. O quê dizer? O quê ela queria dizer?

Voltei para casa, joguei as chaves na mesinha do centro e me atirei no sofá. Passei a mão pelos cabelos e pela minha barba...

7 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
LASF disse...

John, se fudeu...
O.O

euaheuia
concordo rs

;D

Anônimo disse...

Alguns dos seus textos me fazem uma "?"

Anônimo disse...

Sim...e o fim?

John se fudeu e eu tamb�m,li isso tudo!

Simiano Símio disse...

Vomito na tua cara!

Júlia Noodle disse...

É o ciclo sem fim...
Final inesperado com cara de óbvio, gostei.

Yves Berbert disse...

Sempre surpreendente e cuidadosa. Amo seus textos, amo vc.