segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Perfume da pele: à sensação. Ao prazer do toque. Ao queimar da epiderme. À fumaça dos poros.

“Ando tão à flor da pele
Que até um beijo de novela me faz chorar”
(Zeca Baleiro)




Ela nem percebeu direito quando ele chegou. Quando tudo aconteceu, de súbito. Ela foi se descobrindo gradativamente:
Primeiro, a confusão.
Segundo, a doença.
Terceiro, a aceitação.
E o quarto ponto ainda está a se desenrolar. Está, ainda, caminhando sobre linha tênue que separa o mergulho de ponta, a imersão de todo o corpo – e alma – ou cair do outro lado, afastado, em um horizonte iludido, distante de tudo isso.
Contudo, ela sabe. Ela sabe com todas as L-E-T-R-A-S que não se pode fugir disso, seja lá o que isso for. Seja lá o que signifique.
Uma vez, tudo bem, há o perdão. Duas vezes, não está tudo bem, tem algo dissemelhante.
Há o perdão, ainda! Mas não se pode correr. E é um deus-nos-acuda. Uma lambada de pensamentos. Um punhado de notas musicais. E ¼ de lágrimas não caídas. Além das gargalhadas, claro. Além do tudo pode acontecer, inclusive o nada.
Ele ainda está lá. Está sorrindo para ela, criando ciúmes nela. Prendendo-a sem nem saber. Dizendo palavras que eleva o [des]conhecido dela, tomando atitudes que germina a dúvida dentro dela. E, por enquanto, ela é só isso: morna. Tudo o que ela não queria ser. Tudo que ela é por tempo indeterminado.


E o quente [dela], queima à flor da pele.


2 comentários:

Lucas Moura disse...

Enquanto se queima é bom que se atente
que o queima só dói em quem ainda sente.


Sempre algo intenso e de significados misteriosos aqui. Um charme!

liuhori disse...

A traição dói quando sabemos que não fomos o bastante para quem desejávamos ser completo. Uma segunda chance não é o bastante para os humanos, precisamos de mil chances a cada minuto, quando dormimos, quando saímos, quando passamos fome, quando nos falta dinheiro em cada instante é uma chance.

amo-te demais!