sábado, 22 de março de 2008

Metamorfose regressiva.

Aquela janela de madeira velha

Torturada por lembranças de olhares

Palavras de um adeus

E pela tua imagem dolosa que acabo de ver passar

Foi marcada pelo transformismo do teu semblante:

Uma cor descolorida na tua pele;

Olhos desbotados de existência

E a memória de que um dia alguém foi.

Aquele perfume adocicado

Substituído pelo cheiro de cigarro

E o emblema sereno

Que outrora fora seu sorriso

Foi impregnado de fumaça.



Sorrateiramente demudada em restos.



E a recompensa de tanto desgasto

É a solidão que te acomete

E a paranóia de vossa mente

Teus brinquedos de devaneios translúcidos

Que afirmava ser salvação

Tornou motivo da tua morte lenta.

E a ti sobrou o nada:

Subjugada ao menosprezo

Das tuas futuras

Cinzas decrépitas

As quais

A terra rejeitará

Por tamanha

P O D R I D Ã O

sexta-feira, 7 de março de 2008

Resposta.

São alguns (muitos) dias sem te dar resposta para aquela sua carta, eu sei. Mas não foi por displicência. Na verdade, foi porque não queria responder assim naquele momento, estava tão extasiada que resolvi esperar as borboletas, os tigres e os dragões se acalmarem dentro de mim. É assim que as coisas ficaram depois que li aquela sua (não-última) carta.

Sabe, existem alguns sentimentos dentro de mim que eu não fazia idéia de que existiam, ou não existia e você os criou. O fato é que eu vivo tendo déjà vus emocionais. Parece difícil de acreditar né? Contudo, todos os sentimentos meus que são seus, parecem que há muito tempo estavam guardados e só foi você aparecer para me ensinar o lugar onde eles estavam. É confuso e eu não consigo entender e às vezes, eu nem quero. É tão bom sentir que deixo apenas assim... Na abstração de um plano alfa só meu.

Coisas só nossas. Lembrei disso agora. Das coisas só nossas. Coisas que não comento com ninguém, porque só quero pra mim. Músicas, palavras, frases, brincadeiras, a sintonia na hora de pensar. Ah, e as risadas, claro! Uma das coisas que mais gosto são as que deixamos subentendidas, elas costumam causar um furor a mais nos dragões, tigres e borboletas dentro mim. Chega a ser engraçado e sim, eu acabo rindo de mim.

E os sinais! Sim, sim, os sinais. Os sinais que acabamos deixando para o outro. Algumas coisas codificadas. Afinal, para quê dividir com os outros o que só diz respeito a nós? (Vai aí mais um sinal). E os segredos não tão secretos que ficam codificados por aí.

[...]

Saudades de você. Essa teimosa saudade que nunca passa e parece que sempre aumenta. Essa saudade que me faz te procurar em toda música que eu escuto e nos sonhos mais malucos. Essa saudade que aperta, mas não é ruim de sentir.

[...]

Escrevi demais. Escrevi coisas que estão longe de serem explicadas tão bem, senão sentidas. Usei a palavra sentir e suas variações demais também. Entretanto, não tinha uma palavra que se encaixasse melhor... Você é isso: um sentir quase palpável. É, esquece o que escrevi acima e só sente, é melhor. No mais, só quero saber como vai você.

Beijos, estou com saudades (como de costume).

Se cuida.

Sem assinatura.